sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sem espelho


Hoje olhei pra mim

sem precisar de espelho

face iluminada, a boca seca,

os olhos molhados, um sorriso sem medo.

Horas de um encontro

comigo, enfim

começando a desvendar um segredo

experimentando o gosto das coisas

muitos perfumes, muitos sabores

muitas texturas, muitas cores

vontade de me jogar na vida: sem receio

necessidade de degustar o tudo: desejo

não querer mais o rótulo: desprendimento

andar na direção contrária à dependência do externo: libertação

amar, perdoar e nutrir à mim mesma: minha oração

dor, alegria, raiva, medo: emoção

sentimentos humanos, sobrenaturais, imaginários: negação

a vida, esse momento, meu coração: livres de qualquer definição.

Tentativas de conceituar-me

explicar quem exatamente eu sou

compreensão falha

diante de uma construção diária

busca de harmonia interior

Logo o muro despenca

e vem a desconstrução que te orienta

que não há linearidade

nem harmonia pra consolidar

o comodismo do homem

o que há é a vida que tenta

tirar de nossos olhos a venda

que veda nossos caminhos

Olhar pra si sem espelho

é começar a usar a visão

ver a minha verdade

sem a qual me perco

enxergando o privilégio de uma reconstrução.



Um comentário:

  1. adoro seus textos!!! quanta emoção e verdade... muito legal...lindos mesmo!!

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