quarta-feira, 30 de novembro de 2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Humanização


Uma tristeza funda. Uma semana sentindo a dor do mundo. Chega a ser uma dor física. Um suspiro lento e profundo. Estou descobrindo que somos seres essencialmente solitários. Interagimos, namoramos, temos família, construímos outras famílias, mas nascemos e morreremos sozinhos. A passagem é individual. Os queridos que nos acompanham na estrada permanecem a nosso lado apenas em um trecho do caminho. Nesse percurso erramos tanto, erram tanto conosco! Só mesmo os laços de amor pra nos permitirem errar sem maiores danos. Só mesmo o amor pra nos permitir crescer com nossos erros. Só mesmo o amor pra nos permitir ficar confortáveis mesmo quando somos obrigados a encarar nossas limitações. E esse não é o amor romântico de homem - mulher. 

Esse é o amor que se constrói entre pessoas que se dispõem a compartilhar sorrisos. problemas, erros, afinidades, interesses, vida.

O que não impede que as frustrações, divergências, enganos, erros, humanidades e etc participem do nosso cotidiano. Elas são inerentes a nós. 

Hoje, aceitando minha limitação, meus desafios, consigo ser mais tolerante com o outro. É que estou mais flexível comigo mesma. Isso faz toda diferença. Comecei a me permitir ser mais gente. Viver coisas diferentes. Me livrar dos tabus desnecessários. 

Decidi viver com mais leveza. Amar mais. Perdoar mais. Começando por amar e perdoar a mim mesma. 

O mais engraçado é que essa decisão não anula os momentos tristes. Pelo contrário. Viver o agora é um desafio, por vezes, doloroso. Mas, compensa. 

Meu momento agora... é Arte, Gente, Poesia, Conhecimento, Estrutura, Amizade, Dedicação, Sexualidade, livros, família, poeme-se. 
Vou morrer amanhã, com certeza! 
Estão todos convidados pra "Noite que não tem samba"!

(A dor já diminuiu, terminei de escrever.)

Caro leitor,

Não esqueça! Você é gente! Ser humano! 
Por favor, humanização já pro Ser!

domingo, 20 de novembro de 2011

Passione


















Eu
me derramo
inteira
na imensidão
do seu abraço...
Eu
me espalho
faceira
na vastidão
do seu corpo
molhado...
Eu
me divido,
fico sem eira nem beira,
se não te sinto
a me lado...
Eu
dou um passo
em sua busca
quero encontrar a cura
pra esse mal
de não ser tua.
Eu
vestida dos seus olhos
tiro a roupa e me mostro
inteiramente sua
errante, nua, forte
vulnerável.





quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Precisa-se de um amor

















Precisa-se de um amor
Sol pro amanhecer
que visite meu sonho
no despertar e no anoitecer.

Precisa-se de um amor
feito de defeitos, paixão, ardor
Amor humano sem pudor
Que ofereça seu peito, seu cobertor
seu sexo, uma flor.

Precisa-se de um amor
uma noite mal dormida
um abraço na despedida
Enquanto nesse amor houver vida,
Paga-se bem.

domingo, 13 de novembro de 2011

Neblina azul




A madrugada se vestiu de neblina. A estrada, quase invisível, desfilava com um véu branco e frio abraçando os carros que passavam.

Eu, passageira. Passarinhando na sua vida. Quis bicar seus sabores e te descobrir. Você, o condutor. Me levou. Me elevou. No meio da mais densa neblina, tinha o nosso céu azul alaranjado. Sobrevoamos alto na nossa profundidade.

Dois pássaros que quiseram experimentar juntos um instante de céu colorido. Sem definição, sem roteiro, apenas vivenciando as sensações que um dava ao outro. O beijo nosso, o cheiro da pele, os passos da dança, tudo em nós conectado pela energia do verbo querer.

Desenhei letras perfumadas no seu corpo. Silabavam sussurros. Cantavam interjeições. Você, meu alfabeto de prazer, se dava a conhecer. E eu lia. Eu escrevia e lia. Depois, deitava na sua pele e escutava os sons produzidos pelas letras que eu pintava.

Murmúrios, suspiros, volúpia, vontade. No meio de todos aqueles rabiscos, sua boca era a minha necessidade. E você? Você me buscou. Você quis o gosto do meu desejo. E a gente se achou. Frases, orações, períodos inteiros construídos com a nossa dança.

O nosso texto se derramava vulcanizado pela flama do primeiro encontro.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Decoração














De coração
Pele e sangue
Sou feito
De sonho e afeto
Refeito
Afeito ao ritmo
Pulso etéreo
O próximo segundo
Meu impulso eterno
De coração
Solidão e defeitos
Refiz o meu chão
Do desapego
Ao que é perfeito
Fiz minha decoração.


Homenagem ao grande poeta Haroldo Porto, em 31 de outubro de 2011.