quarta-feira, 30 de junho de 2010


No escuro do cinema
Me encontrei com você
Um encontro
de pele
de risos
de vontades
Arrepios...

A vontade de você
penetrou meus poros
aumentou meu rítmo
elevou minha temperatura
Me fez nua
sem tirar a roupa...

Ali
Eu era sua
misturada em seu calor
em sua vibração
Delícias sussurradas
orgasmos labiais
corpo, alma, excitação
no ônibus, no carro, no cinema:
Um grito de mais!

Me encontrei em você
às escuras
Um filme para assistir
mas meus olhos assistiam à você
cuidaram para que seu corpo se mantivesse aquecido
para que sua boca permanecesse úmida
para que todo espaço entre nós fosse preenchido
Meus olhos
viam além de seus óculos
um homem em 3D
Revirado frente à própria condição
Intenso na superfície
Forte diante da fragilidade vital
Desejoso de eternidade
Ignorando que é mortal...

Olhei para um homem
Ser efêmero
que todo dia nasce outra vez
guarda sua história
e através dela se melhora...

Ao tocar você
me reconheci
Identifiquei meus medos
minha tragédia, minha dor
meu silêncio, meu rancor
também minha criança, minha inocência
meus sonhos, meus desejos
minhas cores, meus anseios
Girassóis, borboletas
Lagoas, areias
Vento
Flor
Amor

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sem espelho


Hoje olhei pra mim

sem precisar de espelho

face iluminada, a boca seca,

os olhos molhados, um sorriso sem medo.

Horas de um encontro

comigo, enfim

começando a desvendar um segredo

experimentando o gosto das coisas

muitos perfumes, muitos sabores

muitas texturas, muitas cores

vontade de me jogar na vida: sem receio

necessidade de degustar o tudo: desejo

não querer mais o rótulo: desprendimento

andar na direção contrária à dependência do externo: libertação

amar, perdoar e nutrir à mim mesma: minha oração

dor, alegria, raiva, medo: emoção

sentimentos humanos, sobrenaturais, imaginários: negação

a vida, esse momento, meu coração: livres de qualquer definição.

Tentativas de conceituar-me

explicar quem exatamente eu sou

compreensão falha

diante de uma construção diária

busca de harmonia interior

Logo o muro despenca

e vem a desconstrução que te orienta

que não há linearidade

nem harmonia pra consolidar

o comodismo do homem

o que há é a vida que tenta

tirar de nossos olhos a venda

que veda nossos caminhos

Olhar pra si sem espelho

é começar a usar a visão

ver a minha verdade

sem a qual me perco

enxergando o privilégio de uma reconstrução.



quinta-feira, 24 de junho de 2010

Substrato


Olhar você

Te subtrair

Desejar você

Não resistir


Não resistir

Olhar

Querer

Tocar

Sonhar


Sonhar

Momento

de possibilidades

de gosto

de cheiro

de posse

de verdade


De verdade

Sonho

Sinto

Quero

Vivo

tudo

Com intensidade!

O infindável incerto


O infindável incerto

O desconhecido que atrai

Aquilo que outrora parecia distante

se manifesta

pela milimetria da presença

Os sentidos se contraem

nas perigosas asas

da incerteza constante

Com você por perto

a pupila dilata

os músculos enrijecem

a boca fica seca

e o coração desritmado

frente ao perigo máximo:

seu olhar no meu.

Certo

é não conseguir se desviar

do teu abraço acolhedor

Certo é

nao resistir o seu cheiro, seu perfume

Certo é

poder assumir

que sua presença me deixa sem voz

e a sua ausência, me causa ciúme

Incerteza constante e certa

de uma presença da qual

não estou imune.

terça-feira, 15 de junho de 2010


A vida é um verdadeiro campeonato de futebol. Às vezes se ganha. Muitas vezes se perde. Por quê? Não sei. Por que querer resposta para tudo? Entender é limitado. Como diz Clarice Lispector viver ultrapassa qualquer entendimento. De qualquer forma, para muito aprendizado são necessários muitos desafios, muitos obstáculos, muita dor. No calor do gol, não há reflexão e sim comemoração; não há choro, senão o de alegria; não há contorsão, e sim movimentos de dança. Diante da felicidade de uma jogada acertada não cabem outros sentimentos senão os de euforia e celebração, o coração dispara, a alma enternece, vive-se segundos de êxtase, ninguém quer sabe de refletir sobre coisa alguma, toda a atenção está em viver aquele momento. Talvez seja por esse motivo que o sofrimento seja necessário. Nos faz parar. Enquanto o corpo não dói, não paramos para nos cuidar; enquanto não temos sede, esquecemos de nos hidratar; Se desconhecemos a morte, mal sabemos viver; Se o corpo não reclamar, ainda assim continuaremos a beber e a fumar, indiscriminadamente; se não temos um chute a gol fracassado não saberemos comemorar o instante do gol. Somos mal hóspedes. Ai de nós! Se não fossem os problemas, jamais daríamos uma pausa em nossa vida frenética; Se não fossem nossas limitações, jamais teríamos a consciência da importância do simples. Quantas vezes atribuímos valor ao que não vale nada, ao que tem só aparência, ao que tem status e não tem vida? Ah se não fossem nossas dificuldades.. estaríamos perdidos, estagnados, parados no tempo. Ño momento em que estamos frente a frente com o adversário talvez nao percebamos a oportunidade que salta aos nossos olhos, falta-nos a percepeção essencial, falta-nos colírio, sensibilidade, menos egoísmo, mais humildade, menos orgulho, mais generosidade, menos defesa, mais ataque. O time que mais perde é o que mais tem possibilidades de ganho, se quiser, tem condições de trabalhar seus erros, ajustar suas falhas e potencializar suas habilidades. Pra isso a vontade tem de pulsar junto com o coração, a necessidade de vida tem de fluir junto com a respiração e sentimentos como o medo, o rancor, a dúvida e a ansiedade devem ser digeridos e devidamente defecados. As jogadas que não deram certo devem ser trocadas por novas tentativas. Deve-se ter em mente que em um campeonato, joga-se contra vários adversários, assim, só pode ser vencedor quem sabe da capacidade que tem e vai se aperfeiçoando a cada derrota ou vitória. Calmamente. No ritmo do coração. Concentrado no treinamento, no suor, no estudo diário e calculado das melhores jogadas, do perfil dos adversários, das próprias limitações, daquilo que se tem de melhor e pode ser usado favoravelmente. O vencedor escolhe. Escolhe diariamente. Escolhe não chorar. Escolhe treinar pesado. Escolhe ver o pôr-do-sol. Escolhe amar. Escolhe respeitar a natureza. Escolhe proteger seu corpo. Escolhe ter compaixão com o próximo. Escolhe sorrir. Escolhe ser leve. Gira seu corpo sempre em direção ao sol. Um jogador, uma bola, um gol. Uma decisão. A vida. Um só campeonato.

domingo, 13 de junho de 2010

Não comemoro aniversários!


Aquele não era um dia normal, acordei, senti o ar entrando em meus pulmões e limpando meu organismo. Tudo estava mais claro, vivo, colorido e alegre. O cachorro parecia mais brincalhão, meu quarto estava mais limpo e já havia 3 horas que não brigava com meus irmãos.
Se no dia do aniversário se fica mais velho e se perde mais um ano de vida, qual o motivo da comemoração? Devia-se sim chorar, lamentar que se perdeu mais um ano, se a extimativa de vida em Brasília fosse de 80 anos, então no fatídico dia do aniverário você está mais perto dos 80. Conclusão, você está um ano mais perto da morte. E não vejo por que comemorar.
Hoje é meu aniversário, porém, mesmo sabendo que perdi um ano, que estou mais velha 1 ano, me sinto renovada, em processo de metamorfose. Se perdi um ano, pelo menos posso comemorar o ganho de outras coisas não menos importantes: experiências, entardeceres, carinho de pai e mãe, conhecimento, amigos, músicas, danças, sorvetes de canela com maça flambada, sushis (hum...), sol, céu, mar. Ah... essas coisas certamente os anos não podem me tirar. Vamos comemorá-las? Não comemore o aniversário, comemore o que de importante ocorreu em sua vida no último ano.

Desapego

Estou treinando o desapego, desapego de pessoas, de coisas, de sentimento. Vendo a palavra transitoriedade com um olhar profundo, de quem sente que, não é sonho, realmente as pessoas chegam e vão embora depois. Realmente, tudo tem uma data de validade, tudo passa, tudo tem hora pra acabar.
Você não sabe quando, nem onde, nem a hora, mas seu melhor amigo vai se ausentar, seu filho vai se casar, seus pais irão morrer, aquele projeto fabuloso vai terminar, os dias vão passar, a idade vai aumentar e a roda viva da vida irá continuar a passar, levando tudo consigo.
Minha filha foi embora, meus avós também. A faculdade terminou. A pós vai terminar. Saí do Sabin. Do colégio JK também. Meu contrato na secretaria de educação termina no final do ano. Meu trabalho no Madre Teresa também tem data de validade. Meu casamento acabou. O amor também. Saí da minha ex-casa própria. Estou habitando na casa de meus pais. Isso também vai durar pouco.
A atração que eu sentia pelo José passou. O Sebastião também não vem mais visitar meus pensamentos. O João chegou agora. Mas eu sei que ele também vai embora. O que ontem era insubstituível e essencial hoje já não é mais.
Efêmero. A vida é efêmera. A nós só cabe aproveitar as oportunidades que vem a nós naqueles simples momentos. A alegria está na simplicidade, no descomplicado, na pura vontade, no girassol, na água, no pôr-do-sol, no desapego.

O corpo fala

o meu também

busca descobrir a linguagem do seu

Braile...

Mas não quer entender tudo. Não.

Entender é limitar-se

Eu gosto do horizonte

daquilo que não entendo

porque é vivo, é intenso

Descobrir o corpo, sem entendê-lo

tão somente sentir, tocar

se misturar

Eu gosto da imensidão das dunas maranhenses

e da sensação quente

que a areia branca me traz

Eu gosto da água

fria, morna, ou aquecida

gosto mesmo é de me molhar

de lavar a alma

com a água do mar!


Conheci um homem ontem

que não me olhou

leu minhas palavras

viu minha expressão

mas se fechou

O homem que outrora conheci

tinha verde nos olhos

amarelo nos cabelos

branco nos dentes

e vermelho no coração

Tinha cores brilhantes

lábios desejosos de vida

mãos na obra

pés no chão

Era um homem do amanhã

cheio de sonhos, mistérios e expectativas

Era um ser de futuro

todo sacana e todo puro

com pernas ativas

Este homem de ontem

era triste, era distante

era cego e mudo

apático e surdo

Este homem perdeu suas cores

usava muletas

não sentia mais os sabores

não via mais as borboletas

nem o pôr-do-sol

a chuva, a água

já não molhavam sua pele

já não saciavam sua sede

já não tinha amor

Esse era um homem

preso num passado

em sua expressão

o vazio, a dor e o cansaço

um morto esperando ser enterrado

O que aconteceu com este ser humano

de coração desintegrado e olhar fragmentado?

Não sei. Nunca saberei.

Ele está em meu pretérito mais que perfeito

com sua individualidade, seus ais

É um ser que tem meu respeito

porém o meu amor ele não tem mais!


Não querer nada

é simplesmente sentir os dias e as horas

aproveitar o segundo

presente ganhado

momento único

Não querer nada

também é querer o tudo

que se tem naquele instante mesmo

em que se vive

Não querer nada

é saber receber o que a vida oferece

naquele dia, o sol, o ar,

o vento, um sorriso

até uma lágrima, uma dor

um processo

Não querer nada

é agradecer ao Divino

pelo tempo de hoje

pelo pôr-do-sol que vem

pela música brasileira

pela paz verdadeira

pelo amor

Não querer nada de você

Não querer você

é uma forma de querer

querer o derramamento

de quando se fica cheio até transbordar

o sorriso derrama de alegria

o tesão derrama de prazer

a vontade derrama de tanto querer

e a alma derrama porque é só poesia

Quero não querer

como uma preparação

uma rendição

uma transformação

uma aceitação

mas principalmente

por uma resignação

de quem quer a vida

e não sua idealização.



u


o

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Abra os olhos
Sinta a energia do mundo entrar
em sua mente, em seus poros
Deixe-se renovar
Olhe
Respire
Toque
Cheire
Deguste
Escute
há vida em você!
Você é capaz de encontrar a simplicidade
é nela que está o essencial
Caminho para a felicidade
é assim: um vento,
uma flor, um instante, um momento
guardam em si mesmos
a beleza real
uma canção, uma borboleta,
um sorriso, uma história
esse momento, o agora...
Sintonize-se com o necessário
Esqueça o ideal.

São Luís, 05 de junho.