sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Faxina















Vamos limpar a casa
Toda sujeira da vida
Varrer o pó do piso
Abrir caminho para uma nova energia...

Vamos desobstruir os espaços
Tirar toda poluição visual
Limpar do peito o cansaço
Recolher as cinzas do que foi prejudicial

Vamos retirar os cacos de vidro do chão
Clarear todas as paredes
Mudar as cores e os enfeites
Parar de seguir pela contra-mão
Por entendimento, vontade, ação...

Vamos fazer jorrar água em todos os ambientes
Regar a alma sedenta
de água, de luz, de fantasia
Vamos fazer festa todo dia
Vamos encher a casa com poesia....

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

kinshasa

Do outro lado do oceano
Eu tenho amor
Fé, carinho, encanto
Derramamento, calor...
A distância não distancia
Dois seres enamorados
Dois corpos que se procuram
Órfãos apaixonados...
Pelos sonhos conectados
Os Quilômetros que se encurtam
De tanta vontade
Necessidade de ficar lado a lado...

Me completo em outro continente
Lá, onde está o amor
Extensão da minha pele, da minha mente
Que anseia daqui, desse pedaço do ocidente
Por seus olhos, seus lábios
Por seu cheiro, por sua cor...

Meu peito apertado
Espera por se entregar
Ao descanso dos teus braços
Lugar que escolhi para me hospedar
Kinshasa cuide de sua terra
Ame seu filho adotivo em missão
Daqui do meu Recanto eu rezo
Para que em paz devolva ao meu chão
Aquele que levou meu coração...

Traz de volta para o lar verde e amarelo
Aquele que ama o meu sorriso
Que chora o meu choro
O que faz raiar o sol em dia nublado
O que segura a minha mão com consolo
Aquele que enche meu coração de gozo
e me quer sobre todas as coisas:
Amada. Inteira. Livre. Pacificada.
Te espero amor para te oferecer repouso
O cuidado, o carinho, o afeto
Daquela que escolhe diariamente
Te ter por perto!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O vôo


          
         Voar sempre foi meu forte. Quando era criança vivia voando, percorrendo caminhos imaginários, mágicos, irreais. Pensava em como seria quando já estivesse crescida, independente, com meu carro vermelho, minha casa grande, e claro, casada com um louro alto, de olhos verdes e corpo atlético. Quem sabe até teria filhos, eu queria dois: um menino e uma menina. Também sonhava com o mundo, com as belezas naturais, com as garotas elegantes das novelas (nas quais eu me inspirava), e com tudo o que eu poderia ser um dia.

Dos sonhos noturnos já nem lembro mais, mas os sonhos que tive acordada cresceram comigo e fazem parte de mim. Uns sonhos mudaram, alguns concretizei, outros perdi no caminho e alguns outros aguardam o momento certo em que serão, enfim, realizados. Quando brincava de boneca, de casinha, ou quando jogava queimada ou bandeirinha na rua de casa não podia imaginar que voaria a 11 mil metros do chão, numa velocidade de 800 km/h. Não, isso eu não podia imaginar. Estar nessa altura, entre as nuvens, sobrevoando o Brasil nessa proporção (altura x velocidade) assusta-me e encanta-me de maneira especial. É incrível como a tecnologia encurtou a distância territorial e permitiu que fizéssemos esse tipo de vôo, diferente dos que fiz na infância, porém, não menos especial: é uma viagem.

Na infância, viajamos o mundo sem ao menos sair do lugar. Também viajamos de férias para um lugar, conhecido ou não, onde nos sentimos na obrigação de nos divertirmos, pois sabemos que tem hora e dia marcado para terminar. Mas há uma viagem mais importante: a vida.

Quando nascemos, embarcamos nesse vôo constante (o mundo), ao lado de outros tripulantes (a humanidade), com um destino não muito certo ( a felicidade) e com um detalhe essencial: a passagem de volta está comprada, com hora e data certa para o desembarque (morte). Porém, não sabemos qual é exatamente esse dia e essa hora. Nessa viagem, é preciso aproveitar cada segundo desse vôo, pois, diferente dos vôos da infância, ele não é imaginário e diferente do vôo das férias não sabemos a que horas iremos desembarcar.
Boa viagem!                                                                           
Cristiane Oliveira
Julho de 2008
(em vôo Porto Seguro-Brasília pela TAM)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Elucubração...

















Não fui avisada
de que sou apenas parte
tão distorcida e tão fragmentada
com pedaços de tristeza e solidão...
Descobri no susto
que a felicidade é um conceito da televisão
que a morte existe e vem pra todo mundo
que os momentos vividos hoje, não mais voltarão...
Ninguém me avisou
do perigo de viver olhando pra fora
do risco de viver buscando conforto no outro
da armadilha que é não cuidar de si mesmo
de que ser feliz é poder contemplar o pôr-do-sol.
Ah.. se eu soubesse
Teria estudado a arte de ser mulher
ao invés de querer assumir a castradora independência, masculinizada.
Teria cuidado do meu corpo e da minha sensualidade vital
ao invés de sacrificá-lo e desgastá-lo com comida e sedentarismo
Teria perdoado mais
ao invés de me corroer com a sujeira do orgulho...
Teria visto mais pores do sol
Teria amado mais
Teria convivido mais com a minha família
Teria vivenciado mais o potencial sexual da vida
Teria amado mais os meus amigos
Teria agradecido mais pelas bençãos do universo, que eu não via
Teria doado amor e atenção a quem precisa de ajuda
Sem medo, sem culpa, sem obssessão
Apenas viveria aquele momento, aquele dia
Sem ter de ocupar a maior parte do tempo com o trabalho
e usar a desculpa preferida da covardia..
Ah.. se eu soubesse.... teria buscado a harmonia
ao invés de dinheiro e realização material
Mas só aprendi no susto, no grito
na dor, no gemido...
Que esse aprendizado é infinito
enquanto durar o meu caminho de evolução...
Cada um escolhe
se descobrir, se aceitar, se amar, se cuidar, ou não...
Cada um escolhe
descobrir, aceitar, amar e cuidar do outro, ou não...
Cada um escolhe
a vida ou a elucubração.