domingo, 1 de agosto de 2010

Maria e a dança, um encontro.


Maria se decidiu. Iria mesmo sair para dançar. há muito se devia isso. Adiava, adiava e sempre deixava para depois. Não, dessa vez faria diferente, iria mesmo sair para se divertir. Não ligou para ninguém, até lembrou da Sebastiana, da Jandira, porém, aquele seria o dia escolhido: sairia sozinha. Levantou ofegante do sofá, foi até o quarto, abriu o guarda-roupa e a indecisão tomou conta de sua cabeça. Com que roupa iria? Pensou em vários looks, coçou a cabeça e começou a experimentar várias combinações de roupas. Jogou todas as opções em cima da cama, espalhou sapatos pelo chão, seu quarto fervilhava como seu coração.



Vestido branco rodado e sapatilha preta foram os escolhidos para aquela noite. Tirou a roupa em que estava vestida, se enrolou na toalha e foi tomar banho. Em seu pensamento se desenhava as possíveis imagens daquela noite: Como iria chegar ao local sozinha? Encontraria alguém conhecido? Quem estaria tocando? Como seria essa primeira experiência? As cenas passavam em sua cabeça como em um trailler de um filme de ação. A água quente começou a molhar seu corpo, sentiu relaxamento e conforto, gostava de água, gostava da massagem da água em suas costas e pescoço, gostava da energia vital que ela transmitia. Para Maria, tomar banho era um ritual de limpeza, não somente de higiene corporal, tratava-se de uma limpeza mental e energética, se sentia mais leve e preparada para qualquer coisa.



Desligou o chuveiro, se secou rapidamente pois não podia perder tempo. Voltando pro quarto, outro ritual: cremes, óleos, perfumes, maquiagem, olhos bem marcados, boca vermelha, vestido branco e flor vermelha no cabelo. Estava pronta! A partir desse momento estava preparada para o desafio.



Saiu de casa feliz, ligou o carro e seguiu ao encontro da dança. Em 40 minutos chegaria ao seu destino. Já estava acostumada a longas distâncias. Em Brasília, especialmente para quem vive nas satélites, convive-se com engarrafamentos, trânsito lento e com perda de algumas horas só em trajetos. Rotina.



Chegou ao "dancing", estacionou o carro e sorriu satisfeita por estar ali. Do estacionamento já ouvia o som da flauta característico do forró pé de serra, o que a deixou ainda mais alegre. Olhou pro céu, viu que era noite de lua cheia e se emocionou com uma visão tão linda. Parou para ouvir o som da água do Lago Paranoá batendo no cais - sons renovadores - sentiu o vento acariciar seu rosto e suspirou, carinhosamente, em tom de agradecimento à mãe natureza.



Começou Maria a dançar, percebeu que estava meio enferrujada, afinal, foram quase dois meses sem prática. Dançou várias músicas e suou um suor que lubrificava sua alma. Olhava a seu redor e o que via chamou sua atenção: Ali, naquele lugar, as pessoas dançavam como em missão. Dançavam para serem felizes. Mais que isso, ali elas podiam expressar suas emoções por meio do corpo.



Dançar não era flertar. Dançar era viver. Dançando sentia cada parte do seu corpo sendo oxigenada, sentia o coração acelerado, sentia o olho brilhando, a alma ardendo e a pele suando viva. O som feito pelo Forró Lunar, a lua feita pra iluminar, a noite feita para se divertir, aquele momento feito para aquela mulher, aquele lugar nomeado por lugar-laboratório. Experiência realizada com sucesso!



Orgulho, satisfação, superação. Maria foi para casa satisfeita com os resultados obtidos em seu laboratório. Agora, dormiria com uma certeza: Queria voltar a sair sozinha para mais uma vez se encontrar. Já marcou. Seu próximo encontro será no Clube do Choro de Brasília. Maria, dance, se encante, se entregue, siga Maria!

Nenhum comentário:

Postar um comentário