sábado, 21 de agosto de 2010

Maria se encontra no Clube do Choro de Brasília...


Maria acordou com um novo desejo. Gostou tanto da novidade que é sair só que resolveu mais uma vez se aventurar. Dessa vez escolheu o Clube do Choro de Brasília. Pensou em uma rápida definição: seria um lugar onde as pessoas se reúnem para chorar? Será? O por quê desse nome? Não poderia ser clube da música? Do violão? Da batucada? Ah... não! Não poderia obter essa resposta, a menos que fosse conferir com os próprios olhos. O coração chegou primeiro. Acelerado. Batendo forte. Estacionou o carro e foi até a bilheteria. Fila. Via muitas pessoas acompanhadas, e, sorriu de satisfação. Estava fazendo diferente. Sabia que precisava mesmo romper com as velhas companhias solitárias. Ela queria o mundo. Com todas as suas saborosas cores, com todos os sons, os perfumes e os bichos. Precisava estar só consigo. Inclusive com os próprios bichos. O ingresso indicava a mesa de número 45. Chegou sucumbindo em timidez, para tomar posse de uma das quatro cadeiras disponíveis. Isso mesmo. Sentaria ao lado de três pessoas desconhecidas. Com o ingresso e o coração na mão, mais uma vez, conferiu o número da mesa para não dar vexame. Quando olhou o lugar se surpreendeu: Se sentiu no Rio de Janeiro da década de 50. Estrutura circular, mesas rodeando o palco, garçons, pessoas de diversas faixas etárias. Meia luz. Palco vibrante. Cheiro de História. Depois de avistar a mesa, se aproximou, cumprimentou os colegas e sentou-se. Não pôde acreditar quando enfim se acomodara. Parecia ter passado uma eternidade até aquele momento. A casa estava cheia. A Spok Orquestra iria tocar. Até então, não sabia o que significava a palavra Spok. Um músico, uma banda, um instrumento? Digamos que ele era tudo isso. O Spok do frevo jazz. O Spok de Pernambuco. O Spok da alegria do frevo ou do frevo da alegria? Não importa. Simplesmente Spok. Um músico, um maestro, o comunicador de sentimentos.

Sim, meus caros leitores, Maria foi ao clube do choro para ouvir choro, e acabou ouvindo Frevo Jazz da mais alta qualidade. A cada música uma aula à parte. Aquele lugar estava cheio de Pernambucanos, com cara e clima de Rio de Janeiro, era o nosso Brasil. Maria e a música do nosso Pernambuco Brasileiro. Sorria, se emocionava, vibrava, batia palmas. Diálogo vibracional. Um surpresa no palco: Jorge Marino, a representação do frevo em Brasília, subiu naquele santuário musical para dançar frevo, com todas as cores do seu mini guarda-chuva. Jorrando energia. Caindo. Pulando. Vivendo. Bela homenagem. Ele é uma homenagem viva para a vida! 70 anos de homenagens dançadas, puladas, sorridas.

Intervalo. Fez-se um silêncio desejoso de ser quebrado pelo Sax Spokiano. As luzes voltaram a acender. O tempo parou. O palco renasceu. Burbúrios nas mesas. Maria queria para alí. Se fixar. Se concentrou numa tentativa de eternizar aquele momento: um, dois, três. Não adiantou, a vida continuou a girar. O relógio nunca pára. A vida não parou. A orquestra não queria parar de tocar. Spok tocou uma sequência que contagiou a platéia de tal forma que todos se levantaram e começaram a cantar e dançar. Marchinhas deliciosamente cantadas de forma uníssona. Hinos. De celebração fez-se o clima daquele lugar. Alguém comentou que fazia muito tempo que o clube do choro não sacudia daquela forma. Maria ouvindo, pensou: Estreia. Era a estreia dela naquele universo. Se sentiu presenteada. Inundada de sentimentos musicais. Chegou só, mas de volta pra casa, nunca sentiu sua alma tão bem acompanhada.

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